terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A complexidade de uma vida ordinária


Acho que o nome desse blog nunca foi tão pertinente. Lendo as minhas últimas postagens, percebi que o tema cult é muito recorrente, pois costumo escrever sobre obras que retratam a vida com a maior fidelidade possível. O filme de hoje tem essa característica e mexeu muito comigo, pois é íntegro com a realidade: Boyhood, uma obra-prima do cinema. Assisti há quase uma semana e, desde então, venho procurando as palavras certas para escrever. Essa é a minha tentativa.

A película me encantou desde a primeira cena. Sou dessas pessoas que acreditam que a arte, apesar de suas mais abstratas formas, quando retrata a vida com realismo, é uma das coisas mais valiosas e belas que existem. Parafraseando Ferreira Gullar, a arte existe porque a vida não basta. Não poderia concordar mais. É através dela que tenho a reconfortante sensação de que não estou sozinha. 


Escrito e dirigido pelo gênio Richard Linklater, o filme retrata a história de um casal de pais divorciados (Ethan Hawke e Patricia Arquette, excepcionais) que tenta criar seus filhos Mason (Ellar Coltrane, incrível) e Samantha (Lorelei Linklater). A narrativa foca na vida de Mason durante um período de doze anos, da infância à juventude, e analisa sua relação com os pais conforme ele vai amadurecendo.


Obrigada pelo comprometimento, Richard, elenco e equipe. Não foi apenas devido ao fato de ele ter sido filmado em doze anos, acompanhando realmente o crescimento do protagonista e o envelhecimento dos atores, que me fez apaixonar pela obra. Mas sim por ela retratar com tanta poesia uma história aparentemente comum. Boyhood mostra que a tal da "vida ordinária" não é sinônimo de uma jornada sem graça. Temos nossos altos e baixos e somos complexos. E ao final, ficamos aliviados ao ver que Mason, apesar das adversidades e dos percalços da vida, sobreviveu com dignidade. E nós também. 

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Metalinguagem cinematográfica


Eu adoro filmes que falam sobre filmes. Como uma amante da sétima arte é inevitável não gostar do tema. Metalinguagem me fascina. E o filme que escrevo hoje é ainda mais especial para mim, pois fala de críticos de cinema. Não estou afirmando que eu seja uma, mas sou jornalista, amo cinema e, inclusive, o tema da minha monografia foi este, a crítica de cinema. 

Quem me apresentou O Crítico foi meu irmão. Ele tinha ido assistir e me contou a história. Confesso que eu estava meio por fora e não sou grande conhecedora do cinema argentino, mas fui correndo assistir quando soube do tema. Eu ia ver Boyhood, mas estava sem sessão. Decidi então optar por este filme. Vamos à sinopse: Víctor Tellez (Rafael Spregelburd) é um crítico de cinema exigente e prestigiado que odeia comédias românticas e acredita que o melhor da sétima arte está no passado. Amargo e mal humorado, ele procura um apartamento e conhece Sofía (Dolores Fonzi), bela e com gostos opostos aos seus. Tellez tenta, mas não consegue evitar que sua vida se transforme a partir de então em um romance clichê.


Eu me encantei. Adorei a metalinguagem, o exagero dos estereótipos (propositais, para apresentar um ponto) tantos dos críticos, quanto das comédias românticas. Simplesmente sentei e me deliciei com a obra. Despretensiosa, sim. Mas que transmite uma mensagem. É isso que gosto de ver. Cinema de boa qualidade sem ser pedante. Que respeita o telespectador. E você pensa que lendo isto já descobre o final? Só te digo uma coisa: assista. Você vai gostar mesmo se não for amante de cinema. Mas se, como eu, você for apaixonado por esta incrível arte, vai se encantar ainda mas com esta deliciosa obra do cinema argentino. Super recomendado!