Divaguei, divaguei
e divaguei sobre como escreveria a resenha desta, que é a série que mais me
tocou no último ano. Confesso que não foi de primeira, mas, com o passar dos
episódios, “Girls” me conquistou e extraiu emoções de mim que achei que nenhum
filme, série ou livro o faria. Ainda bem
que a arte existe!
Obrigada, Lena Dunham, por despir-se emocionalmente e trazer à tona emoções difíceis de lidar.
A atriz, que também é protagonista, criadora, roteirista, diretora e produtora
da série da HBO, inova na maneira de retratar um grupo de meninas de 20 e
poucos anos.
Girls narra a história
de Hanna Horvath (Lena Dunham), uma aspirante a escritora que precisa se
virar sozinha depois que seus pais decidem retirar a ajuda financeira. Com 24 anos,
a protagonista é acomodada, insegura, mimada e tem sérios problemas de
autoestima, compondo um personagem complexo e que pode evoluir bastante ao
longo da série. Além de Hanna, Girls também
apresenta Marnie (Allisson Williams), uma recepcionista da galeria de
arte, cujo sonho é trabalhar com questões ambientais. Ela é apresentada como a
mais “responsável” do grupo, mas mesmo assim vive um relacionamento
completamente enfadonho com alguém que não combina com ela. Já Jessa (Jemima Kirke) é uma britânica estudante de filosofia, que afirma ter viajado pelos quatro cantos do planeta. Seu estereótipo é o da
garota descolada e bem resolvida, mas logo percebemos que as coisas não são
exatamente da forma que ela demonstra. A última personagem
é Shoshanna (Zosia Mamet), a prima de Jessa. A caçula do grupo está
ainda na faculdade e é virgem no início da série. Inicialmente, tem a intenção
de encontrar um namorado bem sucedido e sonha com uma vida no estilo “Sex and the City”. Posteriormente, revela-se uma surpreendente fonte de sabedoria.
“Devemos escrever
sobre o que sabemos” é uma frase que ouço muito. E, com apenas 26 anos, Lena
vem escrevendo sobre os 20 e poucos anos de uma geração perdida e em crise como
ninguém. Esta geração está perdida não apenas economicamente, mas também em
relação a rumos futuros, principalmente nos EUA, onde se passa a série e local
onde a recessão perdura significativamente até hoje.
No entanto, como uma brasileira
de 24 anos e jornalista recém-formada (também com pretensões literárias), me
identifico constantemente com os percalços destas quatro protagonistas.
A série foi
bastante comentada devido às suas cenas de sexo um tanto bizarras. Mas, como
afirmou a intérprete de Marnie, Allison Williams, muito mais do que a “nudez
corporal”, a série apresenta de forma crua as emoções destas jovens, ou seja, a
nudez emocional, retratada no título deste post. Lena, através dos diálogos e
situações da série, é capaz de despir-se emocionalmente como nunca vi. E, por causa dessa falta de pudores emocionais e psicológicos, a série vem se destacando cada vez mais.
Hannah é uma menina
mimada, preguiçosa e que não assume seus erros. Por isso, muitas vezes a
julgamos. Mas, afinal, quem nunca agiu assim? O que quero ressaltar aqui é que
é realmente incômodo nos vermos através de nossos próprios defeitos que, muitas
vezes, procuramos mascarar. E assim segue a sociedade, querendo enfeitar e
esconder. Por isso a arte existe, para perturbar o que é confortável, para
testar os limites da hipocrisia. E para que, desta forma, ao olharmos para nós
mesmos, possamos evoluir e nos tornar pessoas melhores. Bem, esse é o meu ponto
de vista.