terça-feira, 26 de abril de 2011

The Killer's Song

Após alguns anos sem dirigir filmes, Tarantino faz seu retorno triunfal com esse grande sucesso de público e crítica. Novamente trabalhando com sua musa Uma Thurman, esta mistura de gêneros é o primeiro dos dois filmes que contam a história da protagonista “A Noiva”. A Noiva (Uma Thurman) é uma perigosa assassina, que trabalha em um grupo liderado por Bill (David Carradine) e que é composto principalmente por mulheres. Ela está prestes a se casar, mas no dia de seu casamento, Bill e suas companheiras de trabalho se voltam contra ela, quase a matando. Ela fica 5 anos em coma, até despertar com um único desejo: vingança.
Partindo de uma perspectiva não linear, o filme narra historia de “A Noiva” que busca vingança pelo massacre no dia de seu casamento, que resultou em seu coma.
Logo na primeira cena, vemos “A Noiva” chegando a uma casa para matar uma mulher. Até então não sabemos nada de sua história. No frenético segmento há uma briga entre as duas, cheia de sangue e violência à moda Tarantino. Nada de "briga de mulherzinha" com puxões de cabelo. É tudo profissional.
A partir de então o filme vai acontecendo em uma sequência de flashbacks e idas ao futuro, deixando o espectador intrigado quanto à história. A busca da protagonista é matar as pessoas do grupo assassino liderado por Bill (que era seu amante) e do qual ela fazia parte. Como ela abandonou o grupo, Bill decidiu vingar sua fuga através desse massacre.
Em referência aos filmes de samurai, o longa ao mesmo tempo em que satiriza, é uma homenagem ao gênero. As cenas coreografadas perfeitamente são um deleite para o público que gosta de filmes cheios de socos e sangue, chegando a ser cômicas, devido ao seu grande grau de violência. Outro ponto alto do filme é sua trilha sonora. A música traz toda tensão transformando as cenas em pura catarse. É o caso da famosa sequência em que a personagem de Darryl Hannah caminha calmamente pelo corredor do hospital para matar “A Noiva” ao som de “The Killer’s Song”. A cena resulta numa mistura de sensualidade e fatalidade. A personagem é a típica femme fatalle.
Destaca-se também a atuação da ótima Uma Thurman. O filme que foi roteirizado baseado na personagem criada por Tarantino e pela atriz, se encaixa perfeitamente em sua carreira. Depois do sucesso da parceria com Thurman em “Pulp Fiction”, é nesse filme que a relação do diretor com sua musa é consagrada.

terça-feira, 12 de abril de 2011

"You cannot find peace by avoiding life"





Filmes pessoais são os que mais me atraem. Acho que a profundidade dos personagens desse gênero faz eles se aproximarem de nós, pessoas reais. Quando falo isso para os outros, recebo instantaneamente reações de espanto. Dizem: "Esse filme é deprimente! Como você pode gostar disso?". Mas é exatamente o oposto. Acho que o cineasta quer justamente nos alertar através do problema de seus personagens. O artista quer mostrar "Olha, isso está errado, vamos mudar!". Por isso, esses filmes têm efeito catártico em mim.  
Essa introdução foi feita para explicar o filme que comento hoje. "As Horas", baseado no livro homônimo de Michael Cunningham, é um dos filmes mais poéticos que já assisti. Sem dúvida, está entre meus preferidos. Para que não conhece, o longa retrata, em três períodos diferentes, a vida de três mulheres ligadas ao livro "Mrs. Dalloway", de Virginia Woolf, incluindo a própria. Em 1923 vive Virginia Woolf (Nicole Kidman), autora do livro, que enfrenta uma crise de depressão e ideias de suicídio. Em 1950 vive Laura Brown (Julianne Moore), uma dona de casa grávida que mora em Los Angeles, planeja uma festa de aniversário para o marido e não consegue parar de ler o livro. Nos dias atuais vive Clarissa Vaughn (Meryl Streep), uma editora de livros que vive em Nova York e dá uma festa para Richard (Ed Harris), escritor que fora seu amante no passado e hoje está com Aids e morrendo.
A partir de então, as histórias são interligadas, retratando semelhanças e diferenças entre elas. O livro de Woolf é um importante pano de fundo, quase um personagem do filme. Em 1923, a autora escreve o livro, em 1950 Laura Brown lê o livro e anos 2000, Clarisse Vaughn é a própria Mrs. Dalloway.  
Não quero estragar o prazer de quem tem a intenção de ver o filme, por isso não vou me aprofundar no que ocorre durante ele. Mas posso dizer que não é um filme só para mulheres. Ele retrata a depressão, a insatisfação de estar preso em uma vida que não se quer. De esconder o que realmente sente. Esses sentimentos são universais. Não a depressão em si, mas a insatisfação, principalmente em um mundo em que, às vezes, nos encontramos presos. 
A doença vista frequentemente como fator positivo no processo criativo, é vista de outra maneira aqui. Virginia que se sente infeliz e depressiva, não consegue realizar seu trabalho muito bem, apesar de ter começado o livro. Algumas pesquisas mostram que sua fase mais criativa foi justamente quando estava com a saúde melhor. 
Tanto as atuações, quanto a direção e o roteiro do filme são impecáveis. Acredito que Nicole Kidman (maravilhosa) ganhou o Oscar de melhor atriz pelo seu desempenho na cena da estação de trem. Na ocasião, toda angústia da personagem é exposta e sua brilhante atuação é comovente. Quando ela diz "até o pior paciente tem direto de opinar sobre seu próprio remédio", está fantástica.
Agora, para mim, o maior destaque no filme é Julianne Moore. Ela é uma das melhores atrizes do cinema atualmente. Me espanto como ela perdeu a estatueta na época para Catherine Zeta-Jones em "Chicago". Vemos quando um ator é realmente completo quando ele consegue traduzir toda sua emoção através do olhar e em poucas palavras. E é exatamente isso que ela faz.  
Meryl Streep dispensa comentários, apesar de não ser o maior destaque do filme e Ed Harris está em seu melhor papel. 
Por fim, um filme belíssimo que nos faz pensar se estamos realmente apreciando nossa vida e fazendo boas escolhas. Como diz Virginia para seu marido na já citada cena da estação de trem, "You cannot find peace by avoiding life", traduzindo, "Não se pode ter paz evitando a vida".

domingo, 3 de abril de 2011

"Here's looking at you, kid"


Hoje vou escrever sobre um dos meus filmes favoritos: Casablanca (1942), um dos maiores clássicos de todos os tempos. No contexto da Segunda Guerra Mundial, o filme narra uma história de amor, com mistério e drama, que encanta gerações e permanece atual. Bogie e Bergman formam um dos casais mais charmosos do cinema. Pode-se dizer que todos os clichês românticos que vemos atualmente no cinema vieram de Casablanca. As frases são tão memoráveis que viraram jargões. "Here's looking at you, kid", "We'll always have Paris", " Play it once, Sam. For old times' sake", entre tantas outras...
A sinopse: Rick (Humprey Bogart) é dono de um famoso bar localizado em Casablanca, no Marrocos Francês, durante a Segunda Guerra Mundial. A cidade é rota de fuga para quem deseja evitar os nazistas, onde passes livres são vendidos por um salgado preço no mercado negro. Neste caótico ambiente, Rick encontra Ilsa (Ingrid Bergman), com quem tivera um amor interrompido inesperadamente há algum tempo, em Paris.
 O charme de Bogie, de Bergman, do figurino e da inesquecível  canção "As Times Goes By", consolidam o filme na história do cinema. Outra marca do longa é o patriotismo exacerbado, retratando bem o período.
A atuação teatral de Bogie, que fazia parte da forma de interpretação da época é realmente fascinante. Considero Bogart um dos pontos altos do filme. E Ingrid Bergman também empresta sua doçura, necessária para a personagem.
Foi vencedor dos Oscars de melhor filme, direção e roteiro e ainda indicado a melhor ator para Humprey Bogart, coadjuvante para Claude Rains, fotografia, trilha sonora (Comédia/Musical) e edição.
Muito bem recomendado!