domingo, 5 de agosto de 2012

Young folks




Até onde nossos planos dão certo? A fórmula parece simples: estudar, se formar, trabalhar, casar e ter filhos. No entanto, essa nem sempre é a ordem natural das coisas, e muitos optam por recorrer a outro caminho.
É engraçado quando analisamos os sonhos e desejos que tínhamos na época da escola e imaginávamos como seria nossa vida ao se formar. Seremos bem-sucedidos, realizados pessoalmente e com uma família em vista – isso antes dos 30 anos. Depois, é lucro.
Curioso também é como um filme pode me fazer refletir sobre a vida. A história não precisa ser de identificação total com meu cotidiano, mas as emoções e catarse provocadas pela obra são extremamente tocantes.
Esse começo é para introduzir o filme que hoje escrevo: Jovens Adultos (Young Adults, 2011). Escrito por Diablo Cody e dirigido por Jason Reitman, a mesma dupla do ótimo e aclamado Juno (idem, 2007), o longa conta a história de Mavis Gary (Charlize Theron, em performance incrível e ignorada pela Academia), uma ghostwriter já sem tanta criatividade para produzir seus livros juvenis. A fim de recuperar a inspiração – já que seus livros não fazem mais tanto sucesso – e a própria identidade, ela volta para sua cidade natal, onde pretende reencontrar conhecidos da adolescência e reviver seu passado. Uma parte deste passado é o ex-namorado dos tempos de escola, Buddy Slade (Patrick Wilson), que encontra já casado e com um filho. Nessa jornada, Mavis acaba criando uma ligação fora do comum com um ex-colega Matt Freehauf (Patton Oswalt), que também ainda não superou totalmente o colegial. 
Com 37 anos, o peso de um divórcio nas costas, alcoólatra e com sua série de livros fadada ao fracasso, Mavis quer recuperar os tempos de glória que tinha quando era a garota mais popular da escola. Para isso, ela age como uma adolescente acreditando que conseguirá a felicidade passada reatando com seu namoradinho da adolescência.
A relação de Mavis com Matt é a mais interessante. A amizade improvável chama atenção. Ambos se veem presos ao passado. Ela pelos motivos acima citados, e Matt pelo trauma de ter sido alvo da violência dos garotos populares da escola, que bateram tanto nele, o que resultou em um problema físico.


segunda-feira, 5 de março de 2012

Reality bites


Acredito que um dos segredos para um grande obra - seja na literatura, ou como nesse caso, no cinema - é sua atemporalidade. Aquele fator que permanece com o passar dos anos, cujo o público possa se identificar, não importando sua geração.
Esse é o caso de Caindo na Real (Reality Bites, 1994), que após dezoito anos de sua estreia, permanece atual e completamente condizente com essa geração - a minha geração.
O filme retrata, entre outras questões, as crises existenciais de jovens de 20 e poucos anos, o que não poderia ser mais atual. Seja na geração MTV dos anos 90, ou na atual geração Y.  
Como melhor aluna da faculdade, a jovem Lelaina Pierce (a ótima Winona Ryder) estava destinada a um grande sucesso profissional. Na realidade, ela é uma assistente de produção de um detestável programa de TV matinal de seu patrão, Grant Gubler. Em seu tempo livre, Lelaina faz um ultrajante documentário em vídeo sobre a vida de sua colega de quarto, a liberal Vickie Miner, o sexualmente reprimido Sammy Gray e seu melhor amigo, Tray Dyer, um rebelde brilhante, mas desmotivado. Ao conhecer Michael, um ambicioso executivo de vídeo que quer mostrar o documentário dela num programa de televisão, ela se vê de repente no centro de um estranho triângulo amoroso com o dependente Michael (Ben Stiller) de um lado e o sexy Tray (Ethan Hawke, também sensacional) do outro. 
Confesso que a minha identificação com o longa foi instantânea e me vi em muitas situações pelas quais os personagens passam. Inclusive, a idade é a mesma.
"Eu realmente queria ser alguém quando tivesse 23 anos", confessa Lelaina. Tray responde: "Minha querida, tudo o que você tem que ser com 23 anos é você mesma". Ela devolve: "Eu já não sei mais quem ela é".
Divórcio, HIV, homossexualidade também são assuntos retratados no filme com sutileza, o que faz a obra ser bastante agradável , mas nem por isso deixa de ser questionadora. 
Indefinições, inseguranças, instabilidade. Essas são questões universais, não importa sua idade, nem sua geração.