Nova York, dias atuais. Dois casais de classe
média alta se reúnem na casa de um deles para discutir o fato de o filho de um ter
batido no do outro. Deus da Carnificina (Carnage, 2011), do consagrado e
polêmico Roman Polanski, mostra o embate, inicialmente civilizado, desses dois
casais. Dissecando a sinopse, o filme traz uma crítica ao politicamente correto,
quando todas as normas de conduta da sociedade são esquecidas.
A personalidade distinta destes quatro: Nancy
Cowan (Kate Winslet), Allan Cowan (Christoph Waltz), Penelope Longstreet
(Jodie Foster) e Michael Longstreet (John C. Reilly), é enfatizada no decorrer
da trama, quando as mascaras vão caindo e a civilidade é descartada.
O primeiro casal é
composto pelos pais do menino que agrediu. Nancy é uma mulher aparentemente
educada e sofisticada, que muitas vezes se desculpa pelo comportamento cínico
do marido, Allan. Este, por sua vez, é o que menos parece fingir. Extremamente irônico,
o personagem parece estar assistindo tudo aquilo e pensando “eu sabia!”.
O segundo casal, formado
por Penelope e Michael, é o que podemos chamar de exemplo da hipocrisia social.
Ela, uma mulher cheia de valores morais, parece a todo instante querer educar e
mostrar o que é melhor para os outros. Ele é um sujeito aparentemente calmo, mas
que na verdade esconde um temperamento forte.
À medida que a discussão
cresce, os bons costumes desaparecem. Ser contrariado pode nos tirar do sério. Antes
disso, somos muito civilizados. A violência na sociedade é o resultado de
embates contrários, sejam eles religiosos ou politicos. Afinal, o que explica
as guerras?
Não é apenas o
politicamente correto que é posto em xeque. As diferenças cruciais entre homens
e mulheres também são ressaltadas na trama. A degradação dos relacionamentos sociais
são postos à prova. Em meio disso tudo, um humor negro que nos faz rir de nós
mesmos.
Como citou Balzac, “os costumes são a hipocrisia de uma nação”.
Essa fantástica obra, baseada na
peça da dramaturga francesa Yasmina Reza, justifica perfeitamente tal afirmativa.