sexta-feira, 26 de abril de 2013

A hipocrisia das relações humanas



Nova York, dias atuais. Dois casais de classe média alta se reúnem na casa de um deles para discutir o fato de o filho de um ter batido no do outro. Deus da Carnificina (Carnage, 2011), do consagrado e polêmico Roman Polanski, mostra o embate, inicialmente civilizado, desses dois casais. Dissecando a sinopse, o filme traz uma crítica ao politicamente correto, quando todas as normas de conduta da sociedade são esquecidas.
A personalidade distinta destes quatro: Nancy Cowan (Kate Winslet), Allan Cowan (Christoph Waltz), Penelope Longstreet (Jodie Foster) e Michael Longstreet (John C. Reilly), é enfatizada no decorrer da trama, quando as mascaras vão caindo e a civilidade é descartada.
O primeiro casal é composto pelos pais do menino que agrediu. Nancy é uma mulher aparentemente educada e sofisticada, que muitas vezes se desculpa pelo comportamento cínico do marido, Allan. Este, por sua vez, é o que menos parece fingir. Extremamente irônico, o personagem parece estar assistindo tudo aquilo e pensando “eu sabia!”.
O segundo casal, formado por Penelope e Michael, é o que podemos chamar de exemplo da hipocrisia social. Ela, uma mulher cheia de valores morais, parece a todo instante querer educar e mostrar o que é melhor para os outros. Ele é um sujeito aparentemente calmo, mas que na verdade esconde um temperamento forte.
À medida que a discussão cresce, os bons costumes desaparecem. Ser contrariado pode nos tirar do sério. Antes disso, somos muito civilizados. A violência na sociedade é o resultado de embates contrários, sejam eles religiosos ou politicos. Afinal, o que explica as guerras?
Não é apenas o politicamente correto que é posto em xeque. As diferenças cruciais entre homens e mulheres também são ressaltadas na trama. A degradação dos relacionamentos sociais são postos à prova. Em meio disso tudo, um humor negro que nos faz rir de nós mesmos.


Como citou Balzac, “os costumes são a hipocrisia de uma nação”. Essa fantástica obra, baseada na peça da dramaturga francesa Yasmina Reza, justifica perfeitamente tal afirmativa.