segunda-feira, 5 de março de 2012

Reality bites


Acredito que um dos segredos para um grande obra - seja na literatura, ou como nesse caso, no cinema - é sua atemporalidade. Aquele fator que permanece com o passar dos anos, cujo o público possa se identificar, não importando sua geração.
Esse é o caso de Caindo na Real (Reality Bites, 1994), que após dezoito anos de sua estreia, permanece atual e completamente condizente com essa geração - a minha geração.
O filme retrata, entre outras questões, as crises existenciais de jovens de 20 e poucos anos, o que não poderia ser mais atual. Seja na geração MTV dos anos 90, ou na atual geração Y.  
Como melhor aluna da faculdade, a jovem Lelaina Pierce (a ótima Winona Ryder) estava destinada a um grande sucesso profissional. Na realidade, ela é uma assistente de produção de um detestável programa de TV matinal de seu patrão, Grant Gubler. Em seu tempo livre, Lelaina faz um ultrajante documentário em vídeo sobre a vida de sua colega de quarto, a liberal Vickie Miner, o sexualmente reprimido Sammy Gray e seu melhor amigo, Tray Dyer, um rebelde brilhante, mas desmotivado. Ao conhecer Michael, um ambicioso executivo de vídeo que quer mostrar o documentário dela num programa de televisão, ela se vê de repente no centro de um estranho triângulo amoroso com o dependente Michael (Ben Stiller) de um lado e o sexy Tray (Ethan Hawke, também sensacional) do outro. 
Confesso que a minha identificação com o longa foi instantânea e me vi em muitas situações pelas quais os personagens passam. Inclusive, a idade é a mesma.
"Eu realmente queria ser alguém quando tivesse 23 anos", confessa Lelaina. Tray responde: "Minha querida, tudo o que você tem que ser com 23 anos é você mesma". Ela devolve: "Eu já não sei mais quem ela é".
Divórcio, HIV, homossexualidade também são assuntos retratados no filme com sutileza, o que faz a obra ser bastante agradável , mas nem por isso deixa de ser questionadora. 
Indefinições, inseguranças, instabilidade. Essas são questões universais, não importa sua idade, nem sua geração.