Acredito que um dos segredos para
um grande obra - seja na literatura, ou como nesse caso, no cinema - é sua
atemporalidade. Aquele fator que permanece com o passar dos anos, cujo o
público possa se identificar, não importando sua geração.
Esse é o caso de Caindo na Real (Reality Bites, 1994), que após
dezoito anos de sua estreia, permanece atual e completamente condizente com
essa geração - a minha geração.
O filme retrata, entre outras questões, as crises
existenciais de jovens de 20 e poucos anos, o que não poderia ser mais atual.
Seja na geração MTV dos anos 90, ou na atual geração Y.
Como melhor aluna da faculdade, a
jovem Lelaina Pierce (a ótima Winona Ryder) estava destinada a
um grande sucesso profissional. Na realidade, ela é uma assistente de produção
de um detestável programa de TV matinal de seu patrão, Grant Gubler. Em
seu tempo livre, Lelaina faz um ultrajante documentário em vídeo sobre a vida
de sua colega de quarto, a liberal Vickie Miner, o sexualmente reprimido Sammy
Gray e seu melhor amigo, Tray Dyer, um rebelde brilhante, mas desmotivado. Ao
conhecer Michael, um ambicioso executivo de vídeo que quer mostrar o
documentário dela num programa de televisão, ela se vê de repente no centro de
um estranho triângulo amoroso com o dependente Michael (Ben Stiller) de um lado e o sexy
Tray (Ethan Hawke, também
sensacional) do outro.
Confesso que a minha
identificação com o longa foi instantânea e me vi em muitas situações pelas
quais os personagens passam. Inclusive, a idade é a mesma.
"Eu realmente queria ser
alguém quando tivesse 23 anos", confessa Lelaina. Tray responde:
"Minha querida, tudo o que você tem que ser com 23 anos é você
mesma". Ela devolve: "Eu já não sei mais quem ela é".
Divórcio, HIV, homossexualidade
também são assuntos retratados no filme com sutileza, o que faz a obra ser
bastante agradável , mas nem por isso deixa de ser questionadora.
Indefinições, inseguranças,
instabilidade. Essas são questões universais, não importa sua idade, nem sua
geração.